Três décadas de dinâmica das árvores remanescentes após exploração na Floresta Nacional do Tapajós, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.4336/2024.pfb.44e202202264Palavras-chave:
Mudanças fitossociológicas, Manejo florestal, ResiliênciaResumo
O objetivo deste estudo foi analisar as árvores remanescentes em uma comunidade arbórea pós-exploração na Floresta Nacional do Tapajós, em Belterra, PA. Os dados analisados foram procedentes do monitoramento das árvores com diâmetro a 1,30 m do solo (DAP) ≥ 5cm, em 36 parcelas permanentes. As medições foram realizadas em nove c 31 anos (1981-2012). Todos os indivíduos foram identificados em nível de espécie e classificados por grupo ecológico. A maioria das árvores remanescentes pertencem ao grupo das secundárias tardias. Possivelmente, a estrutura das árvores já estabelecidas, aliada à sua resiliência e elasticidade, favoreceu a recuperação pós-exploração, avançando ao equilíbrio natural. A percentagem da mortalidade das árvores remanescentes (1981 a 2012) concentrou-se nas duas menores classes diamétricas e acumularam mais da metade (52%) da comunidade arbórea (remanescentes de 1981), sendo representada, principalmente, por espécies pioneiras e secundárias iniciais. Considerando que a alta intensidade de exploração refletiu em abertura de grandes clareiras, devido à remoção de praticamente todas as árvores dominantes, houve favorecimento do crescimento das remanescentes e uma recuperação da dinâmica do sub-bosque, inicialmente pelas espécies tolerantes à luz, que foram substituídas com o avançar do tempo por espécies de grupos ecológicos com menor exigência de luz.
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