Efeito de borda sobre atributos funcionais das árvores num remanescente de restinga, Rio de Janeiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.4336/2022.pfb.42e202002094

Palavras-chave:

Densidade da madeira, Floresta Atlântica, Habitats

Resumo

Objetivou-se avaliar o efeito de borda com base nas diferenças dos atributos funcionais das árvores (densidade da madeira, diâmetro e altura) na restinga de Grumari, RJ, região de Floresta Atlântica. Em campo, delimitaram-se duas bordas: Banco Halles e Lagoa Feia. Em cada borda foram selecionadas árvores com diâmetro ≥ 10 cm. Registrou-se o diâmetro e a altura de cada árvore, sendo também coletadas amostras de madeira. A densidade da madeira foi obtida pelo método de imersão. Os testes t de Student e Wilcoxon foram utilizados na análise dos atributos funcionais para verificação de diferenças entre bordas. A correlação de Pearson foi aplicada para constatar relações entre os atributos. Adicionalmente, estimou-se a biomassa das árvores e comparou-se a média entre bordas. Foi observado que apenas a altura apresentou diferenças significativas entre bordas (t 2,55; p 0,02). Os atributos funcionais não apresentaram relações significativas entre si e a borda Banco Halles apresentou maior estoque médio de biomassa (126,48 ± 71,14 kg) do que Lagoa Feia (71,5 ± 40,67 kg). Este estudo sugere que o efeito de borda poderia estar influenciando a variação dos atributos funcionais em um mesmo remanescente com diferentes históricos de distúrbio e ocupação.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Felipe Zuñe, Universidad Nacional Pedro Ruiz Gallo, Departamento de Botánica

Eliza Christina do Nascimento Melo, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu Nacional, Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas

Rosana Conrado Lopes, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Biologia, Departamento de Botânica

http://lattes.cnpq.br/9039451415782336

Referências

ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 11941: madeira: determinação da densidade básica. Rio de Janeiro, 2003.

Alves, L. F. et al. Forest structure and live aboveground biomass variation along an elevational gradient of tropical Atlantic moist forest (Brazil). Forest Ecology and Management, v. 260, n. 5, p. 679-691, 2010. https://doi.org/10.1016/j.foreco.2010.05.023.

Araujo, D. S. D. Análise florística e fitogeográfica das restingas do Estado do Rio de Janeiro. 2000. 176 f. Tese (Doutorado em Ecologia) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

Argôlo, A. M. Levantamento florístico, caracterização fisionômica e comparação da restinga de Grumari, RJ, com outras restingas do estado do Rio de Janeiro. 2001. 62 f. Dissertação (Mestrado em Botânica) - Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

Berenguer, E. et al. Seeing the woods through the saplings: using wood density to assess the recovery of human"modified Amazonian forests. Journal of Ecology, v. 106, n. 6, p. 2190-2203, 2018. https://doi.org/10.1111/1365-2745.12991.

Brasil. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº. 261, de 30 de junho de 1999. Parâmetro básico para análise dos estágios sucessionais de vegetação de restinga. Diário Oficial da União, Brasília, DF, n. 146, p. 29-31, 2 ago. 1999.

Cadotte, M. W. et al. Predicting communities from functional traits. Trends in Ecology & Evolution, v. 30, n. 9, p. 510-511, 2015. https://doi.org/10.1016/j.tree.2015.07.001.

Calazans, L. S. B. et al. Araceae of Grumari restinga: contribution to the conservation of the flora of Rio de Janeiro State, Brazil. Acta Botanica Brasilica, v. 32, n. 1, p. 55-62, 2018. http://dx.doi.org/10.1590/0102-33062017abb0224.

Chaplin-Kramer, R. et al. Degradation in carbon stocks near tropical forest edges. Nature Communications, v. 6, n. 1, p. 1-6, 2015. https://doi.org/10.1038/ncomms10158.

Chave, J. et al. Error propagation and scaling for tropical forest biomass estimates. Philosophical Transactions of the Royal Society of London: Series B: Biological Sciences, v. 359, n. 1443, p. 409-420, 2004.

Chave, J. et al. Improved allometric models to estimate the aboveground biomass of tropical trees. Global Change Biology, v. 20, n. 10, p. 3177-3190, 2014. https://doi.org/10.1111/gcb.12629.

Chave, J. et al. Regional and phylogenetic variation of wood density across 2456 neotropical tree species. Ecological Applications, v. 16, n. 6, p. 2356-2367, 2006. https://doi.org/10.1890/1051-0761(2006)016[2356:RAPVOW]2.0.CO;2.

Chave, J. et al. Towards a worldwide wood economics spectrum. Ecology Letters, v. 12, p. 351-366, 2009. https://doi.org/10.1111/j.1461-0248.2009.01285.x.

Chave, J. Measuring wood density for tropical forest trees: a field manual. Pan-Amazonia Project, 6. 2006. Disponível em: http://www.rainfor.org/upload/ManualsEnglish/wood_density_english[1].pdf. Acesso em: 22 fev. 2021.

Chazdon, R. L. et al. Composition and dynamics of functional groups of trees during tropical forest succession in northeastern Costa Rica. Biotropica, v. 42, n. 1, p. 31-40, 2010. https://doi.org/10.1111/j.1744-7429.2009.00566.x.

Couto, D. R. et al. Vascular epiphytes in the Grumari restinga, RJ: floristic and similarities between restingas in Eastern Brazil. Rodriguésia, v. 68, n. 2, p. 337-346, 2017. http://dx.doi.org/10.1590/2175-7860201768205.

Cunha, I. Desenvolvimento sustentável na costa brasileira. Revista Galega de Economía, v. 14, n. 1-2, p. 1-14, 2005.

Dias, A. T. C. et al. Aboveground biomass stock of native woodland on a Brazilian sandy coastal plain: estimates based on the dominant tree species. Forest Ecology and Management, v. 226, n. 1-3, p. 364-367, 2006. https://doi.org/10.1016/j.foreco.2006.01.020.

Guerra, M. F. Conflitos ambientais no parque natural municipal de Grumari. Revista Rio de Janeiro, v. 16-17, p. 115-132, 2005.

Inague, G. M. et al. Climate change threatens the woody plant taxonomic and functional diversities of the Restinga vegetation in Brazil. Perspectives in Ecology and Conservation, v. 19, n. 1, p. 53-60, 2021. https://doi.org/10.1016/j.pecon.2020.12.006.

Laurance, W. F. & Curran, T. J. Impacts of wind disturbance on fragmented tropical forests: a review and synthesis. Austral Ecology, v. 33, n. 4, p. 399-408, 2008. https://doi.org/10.1111/j.1442-9993.2008.01895.x.

Laurance, W. F. et al. An Amazonian rainforest and its fragments as a laboratory of global change. Biological Reviews, v. 93, n. 1, p. 223-247, 2018. https://doi.org/10.1111/brv.12343.

Laurance, W. F. et al. Ecosystem decay of Amazonian forest fragments: a 22"year investigation. Conservation Biology, v. 16, n. 3, p. 605-618, 2002. https://doi.org/10.1046/j.1523-1739.2002.01025.x.

Laurance, W. F. et al. Rain forest fragmentation and the proliferation of successional trees. Ecology, v. 87 n. 2, p. 469-482, 2006. https://doi.org/10.1890/05-0064.

Laurance, W. F. et al. The fate of Amazonian forest fragments: a 32-year investigation. Biological Conservation, v. 144, n. 1, p. 56-67, 2011. https://doi.org/10.1016/j.biocon.2010.09.021.

Lohbeck, M. et al. Successional changes in functional composition contrast for dry and wet tropical forest. Ecology, v. 94, n. 6, p. 1211-1216, 2013. https://doi.org/10.1890/12-1850.1.

Magnago, L. F. S. et al. Do fragment size and edge effects predict carbon stocks in trees and lianas in tropical forests? Functional Ecology, v. 31, n. 2, p. 542-552, 2017. https://doi.org/10.1111/1365-2435.12752.

Magnago, L. F. S. et al. Functional attributes change but functional richness is unchanged after fragmentation of Brazilian Atlantic forests. Journal of Ecology, v. 102, n. 2, p. 475-485, 2014. https://doi.org/10.1111/1365-2745.12206.

Magnago, L. F. S. et al. Microclimatic conditions at forest edges have significant impacts on vegetation structure in large Atlantic forest fragments. Biodiversity and Conservation, v. 24, n. 9, p. 2305-2318, 2015. https://doi.org/10.1007/s10531-015-0961-1.

Murcia, C. Edge effects in fragmented forests: implications for conservation. Trends in Ecology & Evolution, v. 10, n. 2, p. 58-62, 1995. https://doi.org/10.1016/S0169-5347(00)88977-6.

Moreira, M. M. et al. Orchidaceae of the Grumari restinga: floristic and similarity among restingas in Rio de Janeiro state, Brazil. Acta Botanica Brasilica, v. 28, n. 3, p. 321-326, 2014. http://dx.doi.org/10.1590/0102-33062014abb3173.

Myers, N. et al. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature, v. 403, 853-858, 2000. https://doi.org/10.1038/35002501.

Nascimento, H. E. M. et al. Demographic and life"history correlates for amazonian trees. Journal of Vegetation Science, v. 16, n. 6, p. 625-634, 2005. https://doi.org/10.1111/j.1654-1103.2005.tb02405.x.

Padilha, D. L. & Marco-Júnior, P. D. A gap in the woods: wood density knowledge as impediment to develop sustainable use in Atlantic Forest. Forest Ecology and Management, v. 424, p. 448-457, 2018. https://doi.org/10.1016/j.foreco.2018.05.012.

Pansonato, M. P. et al. Community structure and species composition of a periodically flooded Restinga forest in Caraguatatuba, São Paulo. Brazilian Biota Neotropica, v. 19, n. 1, 2019. http://dx.doi.org/10.1590/1676-0611-bn-2017-0477.

Pereira, T. Conflitos sócio-ambientais nos Parques Naturais Municipais da Praina e Grumari: Maciço da Pedra Branca - RJ. 2012. 359 f. Tese (Doutorado em Geografia) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

Philipson, C. D. et al. A trait-based trade-off between growth and mortality: Evidence from 15 tropical tree species using sizespecific relative growth rates. Ecology and Evolution, v. 4, n. 18, p. 3675-3688, 2014. https://doi.org/10.1002/ece3.1186.

Poorter, H. et al. Trait correlation networks: a whole"plant perspective on the recently criticized leaf economic spectrum. New Phytologist, v. 201, n. 2, p. 378-382, 2014. https://doi.org/10.1111/nph.12547.

PMRJ. Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro. Parque Natural Municipal da Prainha e Parque Natural Municipal de Grumari: Plano de Manejo. Rio de Janeiro, 2012.

R Core Team. A language and environment for statistical computing. Vienna: R Foundation for Statistical Computing, 2021.

Rezende, C. L. et al. From hotspot to hopespot: an opportunity for the Brazilian Atlantic Forest. Perspectives in Ecology and Conservation, v. 16, n. 4, p. 208-214, 2018. https://doi.org/10.1016/j.pecon.2018.10.002.

Ries, L. et al. Ecological responses to habitat edges: mechanisms, models, and variability explained. Annual Review of Ecology, Evolution, and Systematics, v. 35, p. 491-522, 2004. https://doi.org/10.1146/annurev.ecolsys.35.112202.130148.

Rio de Janeiro. Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Lei nº. 944, de 30 de dezembro de 1986. Constituição do Bairro de Grumari em área de proteção ambiental (APA). Rio de Janeiro, RJ, Diário Oficial, n. 248, 31 dez. 1986.

Rodrigues, P. J. F. P. et al. Edge effects of oil pipeline canopy openings on tree community structure and dynamics in a Montane Atlantic Forest. Journal of Geoscience and Environment Protection, v. 4, n. 7, p. 132-140, 2016. https://doi.org/10.4236/gep.2016.47014.

Rocha, C. F. D. et al. The remnants of restinga habitats in the Brazilian Atlantic Forest of Rio de Janeiro state, Brazil: habitat loss and risk of disappearance. Brazilian Journal of Biology, v. 67, n. 2, p. 263-273, 2007. http://dx.doi.org/10.1590/S1519-69842007000200011.

Rüger, N. et al. Functional traits explain light and size response of growth rates in tropical tree species. Ecology, v. 93, n. 12, p. 2626-2636, 2012. https://doi.org/10.1890/12-0622.1.

Santos, R. et al. Florística e estrutura do componente arbustivo-arbóreo de mata de restinga arenosa no Parque Estadual de Itapeva, Rio Grande do Sul. Revista Árvore, v. 36, n. 6, p. 1047-1060, 2012. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-67622012000600006.

Santos, R. dos et al. Vegetação arbustivo-arbórea em uma restinga de Jaguaruna, litoral sul do Estado de Santa Catarina, Brasil. Revista Ambiente & Ãgua, v. 12, n. 1, p. 99-111, 2017. http://dx.doi.org/10.4136/ambi-agua.1952.

Scarano, F. R. Structure, function and floristic relationships of plant communities in stressful habitats marginal to the Brazilian Atlantic Rainforest. Annals of Botany, v. 90, n. 4, p. 517-524, 2002. https://doi.org/10.1093/aob/mcf189.

Scherer, A. et al. Florística e estrutura do componente arbóreo de matas de Restinga arenosa no Parque Estadual de Itapuã, RS, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 19, n. 4, p. 717-726, 2005. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-33062005000400006.

SOS Mata Atlantica. Relatório anual 2020. 2020. Disponível em: https://www.sosma.org.br/sobre/relatorios-e-balancos/. Acesso em: 24 jul. 2021.

Tabarelli, M. et al. Prospects for biodiversity conservation in the Atlantic Forest: lessons from aging human-modified landscapes. Biological Conservation, v. 143, n. 10, p. 2328-2340, 2010. https://doi.org/10.1016/j.biocon.2010.02.005.

Trugilho, P. F. et al. Comparação de métodos de determinação da densidade básica em Madeira. Acta Amazônica, v. 20, p. 307-319, 1990. http://dx.doi.org/10.1590/1809-43921990201319.

Violle, C. et al. Let the concept of trait be functional! Oikos, v. 116, n. 5, p. 882-892, 2007. https://doi.org/10.1111/j.00301299.2007.15559.x.

Downloads

Publicado

14-12-2022

Como Citar

ZUÑE, Felipe; DO NASCIMENTO MELO, Eliza Christina; CONRADO LOPES, Rosana. Efeito de borda sobre atributos funcionais das árvores num remanescente de restinga, Rio de Janeiro. Pesquisa Florestal Brasileira, [S. l.], v. 42, 2022. DOI: 10.4336/2022.pfb.42e202002094. Disponível em: https://pfb.cnpf.embrapa.br/pfb/index.php/pfb/article/view/2094. Acesso em: 28 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos Científicos

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.