Passagem do fogo sobre fraturas geomórficas no Cerrado: efeitos sobre a vegetação

Autores

  • Otacílio Antunes Santana Universidade Federal de Pernambuco
  • José Marcelo Imaña Encinas Universidade de Brasília, Faculdade de Tecnologia
  • Flávio Luiz de Souza Silveira Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis

DOI:

https://doi.org/10.4336/2016.pfb.36.88.885

Palavras-chave:

Biogeomorfologia, Ecologia do fogo, Seca

Resumo

A fratura geomórfica é uma formação geológica natural, que em alguns casos forma uma fissura profunda na rocha, com o estabelecimento de solo e vegetação. O objetivo desse trabalho foi analisar a vegetação dentro das fraturas geomórficas sobre o efeito da passagem do fogo. Para isso, as seguintes variáveis biométricas foram avaliadas: diâmetro, altura, índice de área foliar, volume de madeira, biomassa herbácea, número de indivíduos e de espécies arbóreas e arbustivas, antes e depois da passagem do fogo. Esses dados foram comparados com as áreas adjacentes às fraturas (controle). O efeito da passagem do fogo sob a vegetação dentro da fratura geomórfica não foi significativa, pois o fogo seguiu a superfície do solo (cama de fogo formada pela biomassa das plantas) e quando encontrou com a fratura (mais úmida) mudou da superfície do solo para o dossel (pelo efeito de saltar do fogo), afetando não significativamente o número de indivíduos e espécies vegetais; então, a fratura poderia ser um refúgio para as plantas contra a passagem do fogo. Pode-se inferir em nosso modelo experimental de que a qualidade da cama de biomassa vegetal poderia ser mais importante do que a quantidade, e a variabilidade do microclima recruta as plantas para o refúgio (fratura geomórfica).

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Otacílio Antunes Santana, Universidade Federal de Pernambuco

http://lattes.cnpq.br/4237732461961452

José Marcelo Imaña Encinas, Universidade de Brasília, Faculdade de Tecnologia

http://lattes.cnpq.br/3344356544470512

Flávio Luiz de Souza Silveira, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis

http://lattes.cnpq.br/2536664752467531

Referências

Akaike, H. Information theory and an extension of the maximum likelihood principle. In: Parzen, E. et al. (Ed). Selected papers of Hirotugu Akaike. New York: Springer, 1998. p. 199-213. DOI: 10.1007/978-1-4612-1694-0_15.

Andrade, L. A. Z. & Miranda, H. S. The dynamics of the soil seed bank after a fire event in a woody savanna in central Brazil. Plant Ecology, v. 215, n. 10, p. 1199-1209, 2014. DOI: 10.1007/s11258-014-0378-z.

Angiosperm Phylogeny Group. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III. Botanical Journal of the Linnean Society, v. 161, n. 2, p. 105-121, 2009. DOI:10.1111/j.1095-8339.2009.00996.x.

Barbosa, T. C. et al. Influência da biogeomorfologia nas zonas de incremento radial em Caryocar brasiliense Cambess. (Caryocaraceae). In: REUNIÃO ANUAL DA SBPC, 63., 2011, Goiânia. Cerrado: água, alimento e energia. Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2011. p. 1-63.

Bigelow, S. W. & North, M. P. Microclimate effects of fuels-reduction and group-selection silviculture: Implications for fire behavior in Sierran mixed-conifer forests. Forest Ecology and Management, v. 264, n. 15, p. 51-59, 2012. DOI: 10.1016/j.foreco.2011.09.031.

Corpo de Bombeiros Militar (Goiás). Ocorrências. Available in . Access on: 25 Oct. 2014.

D´Agostino, R. B. et al. A suggestion for using powerful and informative tests of normality. American Statistician, v. 44, n. 4, p. 316-321, 1990. DOI: 10.2307/2684359.

Drysdale, D. D. & Macmillan, A. J. R. Flame spread on inclined surfaces. Fire Safety Journal, v. 18, n. 3, p. 245-254, 1992. DOI: 10.1016/0379-7112(92)90018-8.

Duchaufour, R. Pedology: pedogenesis and classification. New York: Springer, 1982. 448 p. DOI: 10.1007/978-94-011-6003-2.

Eiten, G. Vegetação natural do Distrito Federal. Brasília, DF: SEBRAE, 2001. 162 p.

Encinas, J. I. et al. Equações de volume de madeira para o Cerrado de Planaltina de Goiás. Floresta, v. 39, p. 107-116, 2009. DOI: 10.5380/rf.v39i1.13731.

Encinas, J. I. et al. Estructura diamétrica de um fragmento del bosque tropical de la Región del Eco-Museo del Cerrado, Brasil. Colombia Forestal, v. 14, n. 2, p. 23-30, 2011. DOI: 10.14483/udistrital.jour.colomb.for.2011.1.a02.

Farrar, D. & Glauber, R. Multicollinearity in regression analysis: the problem revisited. Review of Economics and Statistics, v. 49, n. 1, p. 92-107, 1967.

Geiger, E. L. et al. Distinct roles of savanna and forest tree species in regeneration following fire suppression in a Brazilian savanna. Journal of Vegetation Science, v. 22, p. 312-321, 2011. DOI: 10.1111/j.1654-1103.2011.01252.x.

Grady, J. M. & Hoffmann, W. A. Caught in a fire trap: Recurring fire creates stable size equilibria in woody resprouters. Ecology, v. 93, n. 9, p. 2052-2060, 2012. DOI: 10.1890/12-0354.1.

Hoffmann, W. A. et al. Comparative fire ecology of tropical savanna and forest trees. Functional Ecology, v. 17, n. 6, p. 720-726, 2003. DOI: 10.1111/j.1365-2435.2003.00796.x

Hoffmann, W. A. et al. Fuels or microclimate? Understanding the drivers of fire feedbacks at savanna-forest boundaries. Austral Ecology, v. 37, n. 6, p. 634-643, 2012. DOI: 10.1111/j.1442-9993.2011.02324.x.

Hoffmann, W. A. Post-burn reproduction of woody plants in a Neotropical savanna: the relative importance of sexual and vegetative reproduction. Journal of Applied Ecology, v. 35, n. 3, p. 422-433, 1998. DOI: 10.1046/j.1365-2664.1998.00321.x.

Hoffmann, W. A. & Solbrig, O. T. The role of topkill in the differential response of savanna woody species to fire. Forest Ecology and Management, v. 180, n. 1-3, p. 273-286, 2003. DOI: 10.1016/S0378-1127(02)00566-2.

Hoffmann, W. A. et al. Tree topkill, not mortality, governs the dynamics of alternate stable states at savanna-forest boundaries under frequent fire in central Brazil. Ecology, v. 90, n. 5, p. 1326-1337, 2009. DOI: 10.1890/08-0741.1.

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Brasil). Monitoramentos de queimadas e incêndios. Available in: . Access in: 10 Nov. 2014.

Leidloff, A. C. & Smith, C. S. Predicting a "˜tree change´ in Australia´s tropical savannas: Combining different types of models to understand complex ecosystem behavior. Ecological Modelling, v. 221, n. 21, p. 2565-2575, 2010. DOI: 10.1016/j.ecolmodel.2010.07.022.

Lopes, C. T. & Vasconcelos, H. L. Fire increases insect herbivory in a Neotropical Savanna. Biotropica, v. 43, n. 5, p. 612-618, 2011. DOI: 10.1111/j.1744-7429.2011.00757.x.

Knapp, E. E. Long-term dead wood changes in a Sierra Nevada mixed conifer forest: Habitat and fire hazard implications. Forest Ecology and Management, v. 339, n. 3, p. 87-95, 2015. DOI: 10.1016/j. foreco.2014.12.008.

Martins, E. de S. et al. Evolução geomorfológica do Distrito Federal. Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, 2004. 57 p. (Embrapa Cerrados. Documentos, 122).

Medeiros, M. B. & Miranda, H. S. Post-fire resprouting and mortality in cerrado woody plant species over a three-year period. Edinburgh Journal of Botany, v. 65, n. 1, p. 1-16, 2008. DOI: 10.1017/S0960428608004708.

Miranda, H. S. et al. Fires in the Cerrado, the Brazilian savanna. In: Cochrane, M. A. Tropical fire ecology: climate change, land use and ecosystem dynamics. Heidelberg: Springer-Praxis, 2009. p. 427-450. DOI: 10.1007/978-3-540-77381-8_15.

Mistry, J. Fire in the Cerrado (savannas) of Brazil: an ecological review. Progress in Physical Geography, v. 22, n. 4, p. 425-448, 1998. DOI: 10.1177/030913339802200401.

Oliveira, P. S. & Marquis, R. J. The Cerrados of Brazil: ecology and natural history of a neotropical savanna. New York: Columbia University Press, 2002. 450 p.

Parr, C. L. et al. Tropical grassy biomes: misunderstood, neglected, and under threat. Trends in Ecology & Evolution, v. 29, n. 4, p. 205-213, 2014. DOI: 10.1016/j.tree.2014.02.004.

Paula, J. E. et al. Levantamento florístico e sua distribuição diamétrica da vegetação de um cerrado sensu stricto e de um fragmento de floresta de galeria no ribeirão Dois Irmãos na APA de Cafuringa, DF, Brasil. Biotemas, v. 22, n. 3, p. 35-46, 2009. DOI: 10.5007/2175-7925.2009v22n3p35

Raposo, J. et al. Analysis of the jump fire produced by the interaction of two oblique fire fronts: Comparison between laboratory and field cases. In: Viegas, D. X. Advances in forest fire research. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2014. p. 340-353.

Ripley, E. A. & Archibold, O. W. Effects of burning on prairie aspen grove microclimate. Agriculture, Ecosystems & Environment, v. 72, n. 3, p. 227-237, 1999. DOI: 10.1016/S0167-8809(98)00182-0.

Salgado-Labouriau, M. L. et al. Late quaternary vegetational and climatic changes in cerrado and palm swamp from Central Brazil. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, v. 128, p. 215-226, 1997. DOI: 10.1016/S0031-0182(96)00018-1.

Santana, O. A. et al. Contribuição da vegetação rasteira na evapotranspiração total em diferentes ecossistemas do bioma Cerrado, Distrito Federal. Ciência Florestal, v. 20, n. 2, p. 269-280, 2010. DOI: 10.5902/198050981851.

Santana, O. A. & Encinas, J. I. Fitossociologia das espécies arbóreas nativas de Cerrado em áreas adjacentes a depósitos de resíduos domiciliares. Floresta, v. 40, n. 1, p. 93-110, 2010. DOI: 10.5380/rf.v40i1.17102.

Santana, O. A. & Encinas, J. I. Influência do vento no volume de toras e no fator de forma de Pinus caribaea var. hondurensis. Cerne, v. 19, p. 347-356, 2013. DOI: 10.1590/S0104-7602013000200020.

Santana, O. A. & Encinas, J. I. Leaf Area Index and Canopy Openness estimation using high spatial resolution image QuickBird. Revista Caatinga, v. 24, p. 59-66, 2011.

Santana, O. A. et al. Relação entre o índice de avermelhamento do solo e o estoque de carbono na biomassa aérea da vegetação de cerrado. Ciência Florestal, v. 23, p. 783-794, 2013. DOI: 10.5902/1980509812362.

Shafizadeh, F. et al. Effective Heat Content of Green Forest Fuels. Forest Science, v. 23, n. 1, p. 81-89, 1977.

Silva, I. A. & Batalha, M. A. Woody plant species co-occurrence in Brazilian savannas under different fire frequencies. Acta Oecologica, v. 36, n. 1, p. 85-91, 2010. DOI: 10.1016/j.actao.2009.10.004.

Sow, M. et al. Fuel and fire behavior analysis for early-season prescribed fire planning in Sudanian and Sahelian savannas. Journal of Arid Environments, v. 89, p. 84-93, 2013. DOI: 10.1016/j.jaridenv.2012.09.007.

Viegas, D. et al. Preliminary analysis of slope and fuel bed effect on jump behavior in forest fires. Procedia Engineering, v. 62, p. 1032-1039, 2013. DOI: 10.1016/j.proeng.2013.08.158.

Warren, K. et al. Automated field detection of rock fracturing, microclimate, and diurnal rock temperature and strain fields. Geoscientific Instrumentation, Methods and Data Systems, v. 3, n. 2, p. 371-406, 2013. DOI: 10.5194/gi-2-275-2013.

Wotton, B. M. et al. Flame temperature and residence time of fires in dry eucalypt forest. International Journal of Wildland Fire, v. 21, n. 3, p. 270-281, 2012. DOI: 10.1071/WF10127.

Zar, J. H. Biostatistical analysis. 4th ed. New Jersey: Prentice Hall, 1999. 123 p.

Downloads

Publicado

30-12-2016

Como Citar

SANTANA, Otacílio Antunes; ENCINAS, José Marcelo Imaña; SILVEIRA, Flávio Luiz de Souza. Passagem do fogo sobre fraturas geomórficas no Cerrado: efeitos sobre a vegetação. Pesquisa Florestal Brasileira, [S. l.], v. 36, n. 88, p. 327–337, 2016. DOI: 10.4336/2016.pfb.36.88.885. Disponível em: https://pfb.cnpf.embrapa.br/pfb/index.php/pfb/article/view/885. Acesso em: 19 mar. 2024.

Edição

Seção

Artigos Científicos

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.